terça-feira, 25 de novembro de 2014

Manuela Caeiro trouxe-nos: Lendas com Crocodilos

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A LENDA DO CROCODILO

(in Kiakilir)

"A Lenda do Crocodilo" - conto e lenda de TIMOR

Em Massacar, na ilha dos celebes, vivia um crocodilo. Isto passou-se muito antes dos tempos que já lá vão. Velho, sem velocidade para os peixes da ribeira, não teve outro recurso senão por pé no seco e aventurar-se terras adentro a ver se topava cão ou porco que lhe matasse a fome.

Andou, andou e nada topou.

Resolveu regressar, mas o caminho era longo e o sol ardia. Abrasado, sentiu o crocodilo que as forças iam faltar-lhe e que, mais passo menos passo, ficaria ali como uma pedra.

Mas o acaso fez que lhe passasse mesmo à mão e a tempo um rapaz. Este, condoído, ajudou-o a arrastar-se até à ribeira. O crocodilo ficou-lhe gratíssimo, oferecendo-se para, a partir daquele dia, o levar às costas pelas águas dos rios e do mar.

Certa vez, apertada pela fome e sem cão ou porco que a matasse, dicidiu-se a comer o rapaz. Antes, porém, para alívio da consciência, consultou os outros animais sobre se devia ou não comê-lo. Desde a baleia ao macaco todos ralharam muito com ele acusando-o de ser ingrato.

Inclinado-se perante a opinião geral e no receio de que a sua presença passasse, de futuro, a ser mal tolerada, o crocodilo dispôs-se a partir mar fora e a levar consigo o dedicado rapaz por quem, vencida a tentação, sentia amizade quase paternal.

Foi nesta disposição que convidou o rapaz a pular-lhe para as costas.

Fazendo-se, então, ao mar, nadou, onda após onda, em demanda das terras onde nasce o sol, convencido de que lá havia de encontrar um disco de oiro semelhante ao outro que o norteava. Porém, quando, já cansado de nadar, pensou em dar meia volta e regressar às terras de origem, sentiu que o corpo se lhe imobiliza e se transformava rapidamente em pedra e terra, crescendo, crescendo, até atingir as dimensões de uma ilha.

Caminhou então o rapaz sobre o dorso desta ilha, rodeou-a com o olhar e chamou-a de Timor que, em língua malaia, quer dizer oriente.

FORUM HAKSESUK: UMA VERSÃO ANALÍTICA SOBRE A LENDA CROCODILO DE TIMOR

Timor Leste: o homem e o crocodilo

(By Father Jose Cancio da Costa Gomes, SDB)

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O Menino e o Crocodilo

Um crocodilo, andando a passear, encontrou-se com um menino e disse-lhe:
- Ensina-me o caminho do rio porque eu perdi-me.
O menino respondeu:
-Para te levar à beira do rio, não tenho confiança em ti.
Respondeu-lhe o crocodilo:
-Não duvides de mim porque não estou a enganar-te, mas, se não acreditas, amarra-me as mãos e as patas.
o menino assim fez e depois carregou o crocodilo à cabeça.
Quando estavam perto do rio, o menino disse ao crocodilo:
- Como já chegámos vou por-te no chão. A seguir, desatou as cordas com que o amarrara.
Logo que o menino voltou as costas, o crocodilo apanhou-o.
- O que me queres fazer? - interrogou o menino.
-Quero comer-te - respondeu o crocodilo e, carregando com o rapazinho, marchou para o rio.
O Crocodilo entrou na água com a criança. Ao mesmo tempo, apareceu na margem do rio, uma lebre.
O menino disse ao crocodilo:
- Espera. Eu vou chamar a lebre para ela ser testemunha do que me fizeste.
O menino relatou à lebre o que se passara.
A lebre, surpreendida com o que lhe disse o pequeno, respondeu:
-Tu tens muita coragem.Como é que te atreveste a ajudar o crocodilo?
O pequeno ripostou:
- Andei com precaução, porque, quando o transportei até ao rio, lhe amarrei as patas e as mãos.
Volta a lebre a falar:
-Não! Isso que me dizes, eu não acredito. Explica-me bem como é que fizeste.
O crocodilo tornou a pôr as mãos e as patas para trás e o menino amarrou-o.
- Como é que o carregaste? - perguntou a lebre.
O menino arranjou uma rodilha e pôs o crocodilo à cabeça. Fez tudo isto sentado e só depois de ter a carga à cabeça é que se levantou.
nessa altura, a lebre voltou a indagar:
-Então o teu pai nunca comeu crocodilo? E a tua mãe?
-Gostam - respondeu o pequeno -, e costumam comer.
-Então carrega com ele e leva-o para casa - insistiu a lebre, e terminou:
- quem procedeu como o crocodilo é a paga que merece.
Moral: É bem verdade que a astúcia domina a força.
Fonte: Histórias de Longe e de Perto - Histórias, Contos e Lendas de Povos que falam também português, concepção e selecção de Maria de Lourdes Tavares e Maria Odete Tavares Tojal, Ministério da Educação (texto com supressões)

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